Dispositivo vai subir 30 km de altura do solo e tirar fotos da superfície. Aluno que lidera projeto já estagiou na Nasa e ganhou viagem ao espaço.
O aluno de Engenharia Elétrica Pedro Henrique Dória, com o projeto de microssatélite que está sendo desenvolvido por estudantes da UnB (Foto: Isabella Formiga/G1)
Alunos da Universidade de Brasília (UnB) estão desenvolvendo um projeto inédito no país: a construção de um microssatélite, pouco maior que uma lata de refrigerante, que, pendurado a um balão de hélio, vai subir 30 quilômetros de altura do solo para coletar informações climáticas e tirar fotos da superfície terrestre.
Líder da equipe, Pedro Henrique Dória, de 21 anos, disse que a ideia de criar o dispositivo para o trabalho final de graduação surgiu da vontade de unir dois projetos espaciais: o balão atmosférico e o CanSat, que significa "satélite de lata". Pedro explica que o LaiCanSat1, como foi batizado o projeto, não atinge a órbita da terra, mas é chamado de microssatélite porque realiza propósitos semelhantes.
O dispositivo será equipado com uma câmera fotográfica, um GPS, sensores meteorológicos de umidade, temperatura, pressão e nível ultravioleta. A maior inovação do LaiCanSat1, no entanto, é que ele terá dois motores para controlar o parapente, o que permitirá direcionar por quais pontos o microssatélite vai passar e, principalmente, determinar seu local de queda.
Pedro diz que duas vezes por dia, em Brasília, são lançadas sondas meteorológicas que chegam a 30 quilômetros de altura. "O balão estoura e elas caem de paraquedas, mas não se sabe onde elas vão parar”, diz. “Isso é um problema, porque podem cair no lago, em casas, em qualquer canto. Isso impede que sejam embarcados sensores mais precisos, já que são mais caros.”
O LaiCanSat1 será lançado na região de Vila Boa, em Goiás, onde a concentração de rotas aéreas é pequena. O grupo já solicitou autorização da Força Aérea Brasileira para soltar o balão com o dispositivo, o que deverá acontecer em agosto. Após o lançamento, a localização do microssatélite será transmitida através de sinais de rádio. Um grupo vai esperar no local por cerca de três horas pela descida do dispositivo para recolher as informações e imagens coletadas.
“Será possível juntar todas as fotos tiradas pelo dispositivo em um software, borda com borda, e gerar um mapa gigante”, diz Pedro. “A partir desse mapa é possível determinar áreas desmatadas, fazer controle de produção agrícola, de incêndios, observar o nível de rios, a ocupação urbana, e diversas aplicações que hoje a gente usa o satélite para fazer, mas que é muito caro. É possível ter informações muito mais atualizadas.”
Para desenvolver o projeto, Pedro conta com a orientação do professor do Departamento de Engenharia Elétrica, Renato Borges, e de alunos e professores das disciplinas de Engenharia Mecânica, Engenharia Aeroespacial e Física.
Experiência
Apesar da pouca idade, Pedro tem bastante experiência na área espacial. No ano passado, ele estagiou durante nove meses em um centro da NASA, nos Estados Unidos, e hoje é estagiário da Agência Espacial Brasileira.
Em abril, Pedro venceu a promoção internacional de uma empresa áerea holandesa que tinha como prêmio uma viagem ao espaço - foi ele quem deu a previsão mais acertada sobre o ponto e a altitude atingida no espaço por um balão lançado no Deserto de Nevada, nos EUA. A viagem está marcada para o início de 2014.
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